sexta-feira, 8 de julho de 2011

Aécio radicaliza oposição ao Governo Dilma

Aécio radicaliza oposição ao governo

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve retomar as atividades parlamentares na próxima semana, depois de quebrar cinco costelas e a clavícula em uma queda de cavalo, no último dia 18. Ontem, demonstrou que chegará a Brasília disposto a radicalizar no tom oposicionista. Pouco antes de almoçar com o presidente tucano, deputado Sérgio Guerra (PE), e o presidente do Instituto Teotônio Vilella, o ex-senador Tasso Jereissati (CE), no apartamento que mantém em Belo Horizonte, Aécio fez o seguinte balanço dos primeiros seis meses do governo da presidente Dilma Rousseff: "É um primeiro semestre extremamente negativo, talvez o mais negativo do que qualquer governo da nossa história política recente".

O senador mineiro fez questão de dar entrevista ao lado de Guerra e de Jereissati. Na semana passada, o ex-governador José Serra soltou uma nota em nome do Conselho Político do PSDB criticando o governo e foi criticado por não ter consultado seus demais integrantes.


Aécio afirmou que a demissão do ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), sobre quem foram levantadas suspeitas de corrupção, precisa ser "pedagógica". "Seja no Conselho de Ética, no Ministério Público, é preciso que as investigações continuem nessa área. É preciso que avancem em outras áreas", disse. O senador, que é o principal presidenciável de seu partido para 2014, caracterizou a presidente Dilma Rousseff como meramente reativa, sem tomar a iniciativa de coibir desvios de ética na administração e chegou até a insinuar que a crise não estava adstrita ao Ministério dos Transportes. "Há uma certa passividade no governo federal, ou para não dizer uma certa cumplicidade, com alguns mal feitos. Se não houver denúncia da imprensa, fica tudo como está", afirmou.


Aécio disse estar disposto a influir na próxima semana na votação do novo rito das medidas provisórias. O mineiro é o autor do substitutivo da Comissão de Constituição e Justiça da emenda constitucional apresentada pelo presidente do Senado, o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP). Segundo Aécio, ainda não há acordo para votar a proposta em plenário.


"O governo estabeleceu um rolo compressor no Congresso em torno das medidas provisórias que não aceitou ainda rediscutir. Eu volto a Brasília, mesmo com esses problemas que ainda estou vivendo, na próxima segunda, para tentar construir algo que não é para a oposição, nem tampouco para o governo, é para o país", disse.


Aécio também listou entre suas prioridades discutir com os colegas de partido estratégias para o PSDB tirar proveito político da onda de denúncias que já obrigou Dilma a alterar três vezes o ministério e retomar proposta sua já apresentada de alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que obriga o BNDES a pedir autorização do Congresso para realizar operações de capitalização de grandes grupos.


O tema ganhou novo significado depois do anúncio de que o banco estatal poderia injetar recursos na fusão do grupo de supermercados Pão de Açúcar com o francês Carrefour. "Esse é um recurso do Tesouro. Não é correto dizer que o BNDESPar não é recurso público, porque em última instância ele é sim", disse.


Guerra e Tasso se esquivaram em comentar o que os motivou para viajar ainda ontem a Belo Horizonte, uma vez que o próprio Aécio afirmou que já deve estar na próxima semana em Brasília. "Eu estava curioso em ver como o Aécio fica de tipoia", limitou-se a gracejar Tasso. " Estamos aqui não para tratar de 2014, mas do próximo ano. Queremos eleger 900 prefeitos em 2012?, disse Guerra.


O dirigente tucano também sinalizou que o PSDB espera que aumente o constrangimento do governo federal com denúncias contra seus integrantes. "Não há porque pensar que só o ministério que o PR ocupava está contaminado. Nada indica que acabou", afirmou o deputado.
Cesar Felício / Valor Econômico

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