Carinho,
amor e proteção: a vida em família. Um direito que para muitos é apenas um sonho
distante, uma realidade de abandono que precisa ser mudada no Brasil. Pensando
nessa triste situação de crianças brasileiras que crescem sem referência
familiar, foi lançado o site da Frente Parlamentar pela Adoção.
Os
números do Cadastro Nacional da Adoção mostram um grande desencontro. Enquanto
29 mil crianças vivem em abrigos, apenas 4.656 estão aptas à adoção. O número de
famílias adotantes chega a quase 27 mil, mas 70% delas buscam crianças brancas e
80% querem crianças com até três anos. Esse perfil representa menos de 3% do
número de crianças à espera de uma família, já que a maioria dos abrigados é
parda ou negra e tem mais de sete anos.
O
desencontro fica ainda maior quando observamos os números apontados pelo Ipea –
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Segundo o órgão, existem 80 mil
crianças em abrigos e oito mil estão aptas à adoção. Isso porque o Cadastro
Nacional da Adoção ainda não conseguiu reunir os perfis de todas as crianças
brasileiras que vivem em instituições e estão sob tutela das mais de três mil
Varas da Infância e da Juventude. Com processos tão burocráticos e a informação
sobre menores tão dispersa pelo país, milhares de famílias levam meses e até
anos para serem formadas. Pais e crianças aprendem a sonhar e a
esperar.
No
entanto, estamos diante de uma grande oportunidade: o Brasil vai rever a
legislação que trata a adoção. A criação da Frente Parlamentar da Adoção, em
junho deste ano, apresenta uma chance para desburocratizar o processo e mostrar
às pessoas caminhos para vencer o medo da adoção de crianças mais velhas ou que
apresentem algum problema de saúde e que têm grande dificuldade em serem
adotadas.
Uma
Frente, formada por deputados e senadores de vários partidos e estados - Aécio
Neves (PSDB/MG), Lindberg Farias (PT/RJ) e o deputado Gabriel Chalita (PMDB/SP),
– pretende promover um avanço na legislação e, ao mesmo tempo, conta com a
participação de todos brasileiros.
“Vamos
reunir entidades e especialistas em adoção, mas também queremos ouvir e debater
com a sociedade para vencer a grande desinformação que existe acerca do tema”,
afirmou o senador Aécio Neves (PSDB/MG).
Assim,
aproveitando esse momento de revisão legislativa, foi criado esse espaço de
reflexão e debate para que a sociedade, ONGs, órgãos públicos em defesa dos
Direitos Humanos, o poder Judiciário se reúnam para apresentarem seus pontos de
vista, experiências, desafios e propostas para a superação desse problema no
Brasil.
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